2 de fev. de 2010

Rosas

De bobeiras benfazejas
Se constrói um belo amor
E assim se enveredavam
Joaninha e Seu João
Pelas ruas de São Cosme
Em dia de Damião

Do recato povoado
De mulheres e meninos
Joaninha e Seu João
Contemplavam trapalhadas
Com a graça de um cão

Passeavam vagarosos,
De mãos dadas, sem razão
Cumplicidade mais que plena,
Joaninha e Seu João

Pois por puro entendimento,
Cada um servia o outro,
Dividindo como irmãos.

E num dia sem estrelas,
Numa noite sem luar

Seu João surpreendeu

Joaninha sem respirar

E um dia se passou,
Seu João se acabrunhou

Recolhido em seu canto,
Sem ninguém pra acarinhar,
O velhinho se escusava

De lamentos ou conversas
Que lembrassem sua vida
Que se fora juntamente
Com Joana, pelo ar.

Só vazio, nada mais
Nem um pinto pra piar
Ou uma rosa a exalar
Tirariam o velho moço
Do estupor de sua perda


Por capricho ou outra coisa
Já passados longos anos,
Seu João ensaia a fala
A quem passa caminhando:
Você sabe como faço
Pra não acordar chorando?